Por: Alex Pereira de Oliveira
Delegado da Polícia Federal
O próximo, quem é este? Seriam aqueles acolhidos pelo narcotráfico por serem desamparados pelo Estado, aqueles que apenas sobrevivem, sem perspectivas, esquecidos em algum barraco de favela ou debaixo de alguma ponte ou “batendo” alguma carteira por aí? Ou seriam aqueles da classe média, que financiam a máquina do tráfico, fazem disparar o número de vítimas no trânsito e não demonstram o mínimo de sensibilidade social? Ou ainda aqueles políticos corruptos, que só fazem engordar suas contas bancárias, desviando verba e lavando dinheiro, enquanto a problemática da violência cresce em progressão geométrica e os braços destes “homens do povo” permanecem cruzados, assistindo de camarote o fracasso das políticas públicas, assim como a humilhante vitória da violência sobre a paz? O que esperar dessas pessoas a não ser que elas se afundem nas águas profundas da criminalidade, uma vez que o Estado não lhes dá outra alternativa? Enquanto não houver mudança cultural, o que esperar dos insensíveis, senão que continuem a ser os principais patrocinadores da violência? O que esperar dos nossos nobres ladrões engravatados, despreocupados com a violência, isto porque nos seus condomínios a segurança é 24 horas, os seus carros são blindados e seus filhos andam escoltados. O que esperar dessas pessoas na eficaz luta contra a violência? Nada! Em face de tudo isso, será que continuaremos a culpar somente o próximo pelo caos em que vivemos? Se de um lado o Estado é omisso no cumprimento de suas funções institucionais, por outro lado cada cidadão tem sua parcela de responsabilidade . Seja porque se escolhe mal os representantes, seja em virtude da total indiferença com a qual lidamos com o assunto. Depois se reclama da violência, dos índices crescentes de criminalidade, do filho de Fulano que foi morto cruelmente por bandidos, que o filho do papai influente permaneceu impune quando queimou o índio, reclama-se do extremo despreparo das nossas polícias. Enfim, o sentimento de indignação e revolta emerge do seio social, entretanto não deveria ser de tal forma, haja vista que o fenômeno da violência encontra sua nascente na própria sociedade, assim como na omissão dos “homens do povo”.O fracasso Estatal na prevenção e repressão à violência é inquestionável. Políticas públicas que maqueiam a problemática não solucionará a questão. O que é necessário são ações efetivas, que vão desde a implementação de um ensino público de qualidade, assim como proporcionar o acesso à cultura, ao lazer, à saúde, ao emprego, até ao combate mais eficaz ao narcotráfico, ao comércio ilegal de armas, melhor preparação e aparelhamento mais adequado das polícias, bem como uma resposta da Justiça razoável e proporcional aos responsáveis pela violência, ou seja, que a penalização seja adequada e suficiente para prevenção e reprovação dos crimes, e não que ocorra como tem tornado praxe nos nossos tribunais: a política da pena mínima, tornando incoerente e ineficaz o tratamento da justiça no combate à violência.Por fim, resta a conscientização da sociedade de que a violência não é um problema de um ou de outro, todavia de todo corpo social. Cada cidadão tem sua parcela de culpa. O “próximo” também somos nós, e é em virtude dessa responsabilidade que todos os indivíduos têm de prestar sua contribuição no combate à violência, seja por meio da escolha correta dos nossos representantes, seja pela cobrança efetiva daqueles que exercem as funções do Estado, que dizer, Legislativo, Executivo e Judiciário, pois é dessa forma que poderemos esperar algo de bom do “próximo”, digo, de toda sociedade, e, como conseqüência, a violência restará, ao menos, amenizada e gradativamente poder-se-á viver com mais qualidade e paz.
Por:
Alex Pereira de Oliveira
Um comentário:
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