As vezes tememos reconhecer nossos limites e nos colocamos em posição
de aceitar toda sorte de situações, sempre na intenção de evitar ou que nossos
limites sejam expostos ou mesmo que sejamos rejeitados por aqueles que
gostamos.
Eu acredito que isso acontece, muitas das vezes, pelo fato de que hoje
em dia nos preocupamos mais com o que os outros pensam de nós do que com aquilo
que realmente somos. E é essa a razão maior para os grandes níveis de doenças psicológicas
e sociais, pôr o outro em situação de destaque em nossa vida e nos colocarmos
em segundo plano.
Se colocar em situação de deserto, solidão, pode verdadeiramente
colocar em evidência, muitas das vezes, a raiz dos problemas que vivemos. É que
com a ausência de companhias, somos obrigados a conviver com nós mesmos e aí
aprendemos que nossas limitações, nossos desejos, nossos defeitos e qualidades são
os responsáveis pela moldura que temos. São os responsáveis por dizer aquilo
que somos, aquilo que queremos, aquilo que nos faz bem e aquelas coisas que
temos de repudiar.
É chegada a hora de reconhecer que fomos feitos para sermos felizes e
para darmos certo. Se há em nossa vida situações e pessoas que não nos apontam
para a terra prometida, temos a obrigação de afastá-las de nós, porque o que
importa realmente, é para onde estamos direcionando nossa felicidade.
É hora de dar um basta às situações que nos prendem aonde estamos. É tempo
de eleger a felicidade como meta. Chega de escolher pessoas e as colocar como
fundamento das nossas felicidades e depositar nelas expectativas de retribuição
na mesma medida. A maioria das pessoas não são parâmetros seguros nos
espelharmos e o tempo de enxergamos isso chegou!
Se o trabalho já não te faz feliz, mude-o; se as companhias não te
fazer evoluir, procure novas amizades; se o dinheiro é o problema, procure a
felicidade em coisas que realmente são capazes de proporcionar felicidade
duradoura; se a religião já não mais sustenta a alma, reze mais, Deus se
encontra em todos os lugares que estamos, em todas figuras que enxergamos, em
todas das vezes que inspiramos e expiramos.
É hora e época da felicidade. É tempo das famílias, dos bons e
verdadeiros amigos, dos risos de fazer a barriga doer, das lágrimas de alegria,
da ausência de competições que causam péssimos estados na alma, tempo de dar
sem esperar receber, tempo de saber perdoar, época de entender que as vezes é
necessário extravasar, período de se viver a vida e adiar ou afastar as
situações que nos apresentam a morte, ausência de felicidade.
Digo isso porque estes são meus votos para esse ano, que começou meio
atribulado, mas hoje retoma o sabor de querer ser o melhor ano da vida. Vontade
de ser mais amigo, filho e irmão. Vontade de ser o melhor servidor, sem que
para isso tenha de se apagar o brilho daqueles que me cerca. Tempo de servir,
como servidor, cristão e homem.
E se não estiver dando certo, o Papa Bento me ensinou que é sempre hora
de parar e gritar pela oportunidade de um recomeço.
Se reconhecer limitado é o primeiro passo. Ser super herói não pode ser
a meta de um homem que busca a felicidade... ser super contraria o conceito de
limitação e a graça da vida está justamente no fato de que nossas limitações nos
ligam aos outros indivíduos, fazendo com que nossa vida se torne uma teia
formada por um emaranhado de vidas diferentes que juntas, se tornam cada vez
mais prazerosas de serem vividas.
Eu sugiro que cada um faça um dia a experiência do deserto. De se
colocar sozinho consigo, como estou fazendo agora em Recife. De duas uma, ou me
entendo comigo de uma vez por todas e descubro que eu devo ser minha meta de
felicidade ou me entrego vez por todas a fazer com os outros sejam felizes em
detrimento de mim.
Se escute. Se entenda. Aprenda a reconhecer seus limites. Aprenda que
seus defeitos e suas qualidades foram quem você é. Priorize-se. Se reconheça
como capaz. Enxergue em você vitória e embace o espelho da derrota e da feiura.
Aprenda a dar valor a quem realmente tem valor e passe a temer quem retira de
você sua dignidade, seu brilho, sua felicidade. Pare de depositar nos demais a
responsabilidade por sua felicidade e quando perceber que sua amizade não é
útil e necessária, corte pela raiz o apego que paralisa, mumifica e é causa de
desgraça.
Com toda certeza a experiência do deserto vai lhe mostrar que nascemos
para dar certo e que as felicidades passageiras não nos servem mais... porque
nascemos para sermos felizes em tempo integral e ao lado de pessoas que
espelham essa felicidade quando estamos com elas.
Nascemos para dar certo. Sermos felizes. Isso nos basta.
Cidade do Recife, 22 de fevereiro de 2013. 19:15.
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